sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

#Deficiêncianaoépiada

Lembro da primeira vez que fui chamada de Capitão Gancho: foi um colega do prézinho, numa aula de educação física (que era meu maior pesadelo durante os anos de escola), onde ele lamentava que a Capitão Gancho aqui ficou no time dele e ele obviamente iria perder por causa disso. Desde então, entendi que meu corpo era motivo de piada simplesmente por ser como era, um pouco diferente do "comum". Por muito tempo eu fingi que achava engraçado essas piadas, mas ao mesmo tempo eu me achava cada vez mais feia e buscava formas de usar roupas e poses estratégicas pra esconder minha deficiência. Como todo mundo acha super normal zoar com a deficiência alheia, levei MUITO tempo pra conseguir ter confiança suficiente para me impor e dizer que não tá tudo bem fazer meu corpo de chacota. vocês não imaginam o quanto me dói ver um comediante de um alcance enorme como o Thiago Ventura fazendo graça em cima de esteriótipos ultrapassados, e o amigo Whindersson Nunes defendendo esse tipo de humor e ainda chamando de "inclusão". Mas o que mais me dói é ver a dona Netflix bem quietinha lucrando em cima da dor da parcela mais excuída da sociedade. Fiz um vídeo explicando bem direitinho o porque que #DeficiênciaNãoÉPiada e ainda dou dicas de como esses humoristas podem fazer para incluírem DE VERDADE as pessoas com deficiência nos seus shows. (Mariana Torquato)